Apresentação

        O objetivo do encontro é integrar os diferentes pesquisadores de Análise do Discurso da região Norte, para promover a discussão sobre os tipos de pesquisas que vêm sendo desenvolvidas neste campo e, assim, traçar um perfil da AD na Amazônia.
Este encontro é pensado como o início de um ciclo de debates que deverá se desdobrar em uma agenda de novos eventos acadêmicos em AD para os próximos anos. Esta dinâmica fornecerá subsídios para que nós pesquisadores possamos nos reconhecer e sermos reconhecidos enquanto analistas do discurso, a partir da construção conjunta de uma tradição de discussões em torno da temática do discurso.
Breve Trajetória da Análise do Discurso
A Análise do Discurso (AD) é um campo de pesquisa cujo objetivo é compreender a produção social de sentidos, realizada por sujeitos históricos, por meio de diferentes materialidades. Por meio de uma sofisticada metodologia interdisciplinar de interpretação, no ca mpo da AD redesenham-se novas e diversas fronteiras entre os estudos da linguagem, a psicanálise, a história, entre outros campos do conhecimento.
Assim como tantos outros campos de pesquisa, também a Análise do Discurso nos chega a partir de autores e epistemologias importadas. Nos contornos que assumiu no Brasil, ela se constitui a partir de uma discussão sobre as obras de Michel Foucault, de Michel Pêcheux, de Mikhail Bakhtin, de Norman Fairclough, entre outros.
Embora ainda bem recente, desde os anos de 1980 vimos aparecer pesquisas que tomaram por base teórica a AD em diferentes áreas: comunicação, educação, direito, antropologia, história entre outras. Universidades como UNICAMP, UNESP, UFRGS, UFMG já se tornaram centros de referência na América do Sul e, hoje, já formaram doutores que estão espalhados por toda esta parte do continente.
Como consequência desta movimentação de sentidos, nomes como o de Maria do Rosário Gregolin, Wanderley Geraldi, Eni Orlandi e Sírio Possenti, já começam a se estabelecer como referências neste campo em nível nacional. Aqui na Amazônia, nós que desenvolvemos pesquisas em AD acompanhamos o interesse cada vez maior dos alunos de graduação e de pós-graduação por este campo.
Então, agora que já existem doutores produzindo pesquisas em diferentes estados da região amazônica, chegou o momento de começarmos a nos conhecer e a fazer uma profunda reflexão sobre as práticas de pesquisa que desenvolvemos.
Assim como acontece em relação a outros campos, precisamos discutir quais são os caminhos que a AD desenha a partir da realidade brasileira e mais especificamente da realidade amazônica. Que diferentes estratégias de apropriação teórica e metodológica esta pequena e jovem cartografia de pesquisas em AD começa a desenhar no cenário amazônico?